domingo, 28 de abril de 2024

Diabetes mellitus (DM)

https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab%C3%B3licos/diabetes-mellitus-dm-e-dist%C3%BArbios-do-metabolismo-da-glicose-no-sangue/diabetes-mellitus-dm

O que é o Diabetes Mellitus? 

O diabetes Mellitus é uma doença crônica decorrente da falta de insulina e/ou da sua incapacidade de exercer adequadamente seus efeitos, causando um aumento da glicemia (açúcar) no sangue. O diabetes acontece porque o pâncreas não é capaz de produzir o hormônio insulina em quantidade suficiente para suprir as necessidades do organismo, ou porque este hormônio não é capaz de agir de maneira adequada (resistência à insulina). A insulina é responsável pelo controle da glicemia. Portanto, se houver falta desse hormônio, ou mesmo se ele não agir corretamente, haverá aumento de glicose no sangue e, consequentemente, o diabetes. 

Tipos de Diabetes Mellitus Os tipos mais comuns são: Diabetes tipo 1: acontece quando o pâncreas perde totalmente a sua capacidade de produzir insulina. Sem a produção de insulina, o organismo não é capaz de utilizar a glicose dos alimentos e isso faz com que o nível de açúcar no sangue suba. 

O diabetes tipo 1, embora ocorra em qualquer idade, é mais comum ser diagnosticado em crianças, adolescentes ou adultos jovens. 

Diabetes tipo 2: ocorre quando a insulina produzida pelas células do pâncreas não é suficiente ou não age adequadamente. Geralmente, a pessoa com diabetes tipo 2 está acima do peso, tem casos de diabetes na família, não apresenta sintomas e pode ser tratada com comprimidos. Contudo, com o passar do tempo, pode necessitar de insulina para o seu controle. 

 Obesidade, (particularmente a obesidade abdominal e inclusive a obesidade infantil);  Presença do diabetes na família;  Falta de atividade física regular;  Hipertensão (Pressão Arterial alta);  Níveis altos de colesterol e/ou triglicérides;  Uso de determinados medicamentos;  Idade acima dos 40 anos (para o Diabetes Tipo 2);  Mulheres com antecedentes de abortos frequentes, partos prematuros, mortalidade perinatal ou mães de recém-nascidos com mais de 4 kg. 

Tratamento 

O tratamento correto do diabetes significa manter uma vida saudável e o controle da glicemia, a fim de evitar possíveis complicações da doença. Os principais cuidados para tratar o diabetes incluem:

 Atividade física - A atividade física é essencial no tratamento do diabetes para manter os níveis de açúcar no sangue controlados e afastar os riscos de ganho de peso.

 Alimentação saudável - Pessoas com diabetes devem ter uma alimentação equilibrada e evitar os açúcares simples presentes nos doces, refrigerantes e sucos.

Tratamento Medicamentoso - Importante seguir corretamente as orientações dos profissionais de saúde para o uso correto dos medicamentos, seguindo a prescrição médica.

https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/pdf/saude-p-44202104.pdf

Diabetes mellitus (DM)

PorErika F. Brutsaert, MD, New York Medical College
Revisado/Corrigido: out 2022
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FATOS RÁPIDOS

O diabetes mellitus é uma doença na qual o organismo não produz uma quantidade suficiente de insulina ou não responde normalmente à insulina, fazendo com que o nível de açúcar (glicose) no sangue fique excepcionalmente elevado.

  • A micção e a sede aumentam e, às vezes, a pessoa pode perder peso mesmo que não esteja tentando.

  • O diabetes danifica os nervos e causa problemas de sensibilidade.

  • O diabetes danifica os vasos sanguíneos e aumenta o risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, doença renal crônica e perda de visão.

  • O médico diagnostica o diabetes por meio da dosagem da glicose no sangue.

  • A pessoa com diabetes precisa seguir uma dieta saudável, com baixo teor de carboidratos refinados (incluindo açúcar), gorduras saturadas e alimentos processados. Ela também precisa se exercitar, manter um peso saudável e, geralmente, tomar medicamentos para reduzir os níveis de glicose no sangue.

O diabetes mellitus é uma doença em que a quantidade de açúcar no sangue está elevada. Os médicos frequentemente utilizam o nome completo diabetes mellitus ao invés de apenas diabetes, para distinguir esta doença do diabetes insipidus. O diabetes insipidus é uma doença relativamente rara que não afeta o valor da glicemia; porém, assim como no diabetes mellitus, ela provoca o aumento da micção

(consulte também Diabetes Mellitus em crianças e adolescentes).

Glicose no sangue

Os três principais nutrientes que formam a maioria dos alimentos são os carboidratos, as proteínas e as gorduras. Os açúcares representam um dos três tipos de carboidratos, juntamente com amido e fibras.

Há vários tipos de açúcar. Alguns tipos de açúcar são simples e outros são complexos. O açúcar de mesa (sacarose) é formado por dois tipos de açúcar mais simples denominados glicose e frutose. O açúcar do leite (lactose) é formado por glicose e um açúcar simples denominado galactose. Os carboidratos em amidos, como pão, massa, arroz e alimentos similares, são cadeias longas de moléculas diferentes de açúcares simples. Sacarose, lactose, carboidratos e outros açúcares complexos precisam ser decompostos e transformados em açúcares simples por enzimas no trato digestivo antes de o organismo conseguir absorvê-los.

Depois que o organismo absorve os açúcares simples, ele geralmente os converte em glicose, que é uma fonte importante de energia para o corpo. A glicose é o açúcar que é transportado pela corrente sanguínea e absorvido pelas células. O organismo também consegue fabricar glicose a partir de gorduras e proteínas. O “açúcar” no sangue significa, na realidade, glicose no sangue.

Você sabia que...

  • O “açúcar” no sangue é medido por meio de um exame de sangue para glicose.

Insulina

insulina, um hormônio secretado pelo pâncreas (um órgão que fica atrás do estômago que também produz enzimas digestivas), controla a quantidade de glicose no sangue. A glicose na corrente sanguínea estimula o pâncreas a produzir insulinaA insulina ajuda a transportar a glicose do sangue para dentro das células. Assim que entra nas células, a glicose é convertida em energia, que é imediatamente utilizada, ou ela é armazenada na forma de gordura ou do amido glicogênio até que seja necessária.

As concentrações de glicose no sangue normalmente variam durante o dia. Eles aumentam depois de cada refeição e retornam aos níveis anteriores à refeição aproximadamente duas horas depois. Uma vez que os níveis de glicose no sangue retornam aos valores pré‑refeição, a produção de insulina diminui. A variação dos níveis de glicose no sangue geralmente fica dentro de um pequeno intervalo de 70 a 110 miligramas por decilitro (mg/dl) ou 3,9 a 6,1 milimoles por litro (mmol/l) de sangue em pessoas saudáveis. Se a pessoa consumir grande quantidade de carboidratos, os níveis podem aumentar mais. As pessoas com mais de 65 anos de idade tendem a ter níveis ligeiramente mais elevados, sobretudo depois das refeições.

Caso o organismo não produza uma quantidade suficiente de insulina para transportar a glicose para dentro das células ou se as células deixarem de responder normalmente à insulina (um quadro clínico denominado resistência à insulina), a elevação dos níveis de glicose no sangue resultante, em conjunto com uma quantidade inadequada de glicose nas células, causam os sintomas e as complicações do diabetes.

Tipos de diabetes

Pré-diabetes

Pré-diabetes é um quadro clínico no qual o valor da glicemia está demasiadamente elevado para ser considerado normal, mas não alto o suficiente para ser identificados como diabetes. A pessoa tem pré-diabetes caso a glicemia em jejum fique entre 100 mg/dl (5,6 mmol/l) e 125 mg/dl (6,9 mmol/l) ou se a glicemia duas horas após o teste oral de tolerância à glicose fique entre 140 mg/dl (7,8 mmol/l) e 199 mg/dl (11,0 mmol/l). Ter pré-diabetes representa um risco mais elevado de ter tanto diabetes como doença cardíaca no futuro. A diminuição do peso corporal em 5% a 10% por meio de dieta e atividade física pode reduzir significativamente o risco de ter diabetes.

Diabetes tipo 1

No diabetes tipo 1 (antigamente denominado diabetes dependente de insulina ou diabetes de início juvenil), o sistema imunológico do organismo ataca as células do pâncreas que produzem insulina e mais de 90% delas são destruídas permanentemente. O pâncreas, portanto, produz pouca ou nenhuma insulina. Apenas entre 5 e 10% de todas as pessoas com diabetes têm a doença tipo 1. A maioria das pessoas que tem diabetes tipo 1 manifesta a doença antes dos 30 anos de idade, embora ela possa se manifestar depois disso.

Os cientistas acreditam que um fator ambiental, possivelmente uma infecção viral ou um fator nutricional na infância ou na adolescência, faz com que o sistema imunológico destrua as células do pâncreas que produzem insulina. Uma predisposição genética faz com que algumas pessoas sejam mais suscetíveis a um fator ambiental.

Diabetes tipo 2

No diabetes tipo 2 (antigamente denominado diabetes não dependente de insulina ou diabetes de início adulto), o pâncreas costuma continuar a produzir insulina, às vezes até mesmo uma quantidade maior que a normal, especialmente no início da doença. No entanto, o organismo cria resistência aos efeitos da insulina e, assim, a insulina existente não é suficiente para atender às necessidades do organismo. Conforme o diabetes tipo 2 avança, ocorre uma diminuição da capacidade de produção de insulina pelo pâncreas.

Antigamente, o diabetes tipo 2 era raro em crianças e adolescentes, mas vem se tornando mais comum. Porém, ele geralmente começa em pessoas com idade acima de 30 anos e se torna progressivamente mais comum com o avanço da idade. Aproximadamente 26% das pessoas com mais de 65 anos têm diabetes tipo 2.

obesidade é o principal fator de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 e 80% a 90% das pessoas com este distúrbio estão acima do peso ou são obesas. Uma vez que a obesidade causa resistência à insulina, as pessoas obesas talvez precisem de uma grande quantidade de insulina para consegui manter os valores de glicemia normais.

Pessoas com ascendência africana, asiática-americana, indígena americana, nativa do Alasca, espanhola ou latino-americana correm um risco maior de desenvolver diabetes tipo 2. O diabetes tipo 2 tende a ser um mal de família.

Certos distúrbios e medicamentos podem afetar a forma pela qual o organismo utiliza a insulina e podem dar origem ao diabetes tipo 2.

Exemplos de estados comuns (quadros clínicos) que causam comprometimento ao uso da insulina incluem

O diabetes também pode surgir nas pessoas com produção excessiva de hormônio do crescimento (acromegalia) e nas pessoas com determinados tumores secretores de hormônios. A pancreatite grave ou recorrente e outros distúrbios que diretamente lesionem o pâncreas podem levar ao diabetes.

Sintomas do diabetes mellitus

Os dois tipos de diabetes podem ter sintomas muito semelhantes se houver um aumento significativo da glicemia.

Os sintomas de uma glicemia elevada incluem

  • Aumento da sede

  • Aumento da micção

  • Aumento da fome

Quando a glicemia for superior a 160 a 180 mg/dl (8,9 a 10,0 mmol/l), a glicose aparece na urina. Quando o nível de glicose na urina aumentar ainda mais, os rins excretam mais água para diluir a grande quantidade de glicose. Uma vez que os rins produzem urina em excesso, as pessoas com diabetes urinam em grande volume e com frequência (poliúria). A micção excessiva cria sede anormal (polidipsia). Uma vez que um excesso de calorias é perdido na urina, a pessoa pode perder peso. Para compensar, a pessoa frequentemente sente fome exagerada.

Outros sintomas do diabetes incluem

  • Visão embaçada

  • Sonolência

  • Náusea

  • Diminuição da resistência durante a atividade física

Diabetes tipo 1

Nas pessoas com o diabetes tipo 1, os sintomas começam de forma brusca e drástica. Um quadro clínico grave denominado cetoacidose diabéticauma complicação em que o organismo produz ácido em excesso, pode surgir rapidamente. Além dos sintomas habituais do diabetes de sede e micção excessivas, os sintomas iniciais da cetoacidose diabética também incluem náuseas, vômitos, fadiga e dor abdominal, sobretudo em crianças. A respiração tende a se tornar profunda e rápida à medida que o organismo tenta corrigir a acidez do sangue (consulte Acidose) e o hálito tem odor frutado e parecido com acetona. Sem tratamento, a cetoacidose diabética pode evoluir para coma e morte, algumas vezes rapidamente.

Após o diabetes tipo 1 ter iniciado, algumas pessoas apresentam uma fase longa, mas temporária, nos quais os valores da glicemia ficam quase normais (fase de lua de mel) devido à recuperação parcial da secreção de insulina.

Diabetes tipo 2

É possível que as pessoas com diabetes tipo 2 não apresentem nenhum sintoma durante anos ou décadas antes de serem diagnosticadas. Os sintomas podem ser sutis. O aumento da micção e da sede no início é moderado, embora piore gradativamente após várias semanas ou meses. A pessoa acaba se sentindo extremamente cansada, fica mais propensa a ter visão turva e pode ficar desidratada.

Nos estágios iniciais do diabetes, às vezes, a glicemia fica excepcionalmente baixa, um quadro clínico denominado hipoglicemia.

Uma vez que as pessoas com diabetes tipo 2 produzem um pouco de insulina, elas geralmente não apresentam cetoacidose mesmo quando o diabetes tipo 2 fica sem tratamento por bastante tempo. Em casos raros, os valores da glicemia ficam extremamente elevados (podendo até mesmo ultrapassar 1.000 mg/dl [55,5 mmol/l]). Esse aumento frequentemente ocorre devido a mais algum outro estresse, como infecção ou uso de medicamento. Quando a glicemia fica muito elevada, a pessoa pode apresentar desidratação grave, que pode dar origem à confusão mental, sonolência e convulsões, um quadro clínico denominado estado hiperglicêmico hiperosmolar. Muitas pessoas com diabetes tipo 2 são diagnosticadas por meio de exames de glicemia rotineiros antes de apresentarem tais valores de glicemia extremamente elevados.

Complicações do diabetes

O diabetes lesiona os vasos sanguíneos, causando seu estreitamento e, portanto, limitando o fluxo sanguíneo. Uma vez que os vasos sanguíneos em todo o corpo são afetados, a pessoa pode apresentar muitas complicações do diabetes. Muitos órgãos podem ser afetados, particularmente os seguintes:

Uma glicemia elevada também causa problemas no sistema imunológico; assim, pessoas com diabetes mellitus são particularmente suscetíveis a infecções bacterianas e fúngicas.

Diagnóstico do diabetes mellitus

  • Medição do nível de glicose no sangue

A pessoa será diagnosticada com diabetes caso ela tenha um valor de glicemia excepcionalmente elevado. O médico realiza exames preventivos em pessoas com risco de apresentar diabetes, mas que não têm sintomas.

Você sabia que...

  • Muitas pessoas têm diabetes tipo 2 e não sabem disso.

Medição da glicemia

O médico mede a glicemia em pessoas que estão apresentando sintomas de diabetes, tais como aumento da sede, da micção ou da fome. Além disso, é possível que o médico meça a glicemia de pessoas que tenham doenças que podem ser complicações do diabetes, como infecções frequentes, úlceras nos pés e candidíase.

Para poder medir com exatidão os níveis de glicose no sangue, o médico geralmente usa uma amostra de sangue coletada após a pessoa ter passado a noite em jejum. O diabetes pode ser diagnosticado se a glicemia em jejum estiver em 126 mg/dl (7,0 mmol/l) ou mais. No entanto, é possível usar amostras de sangue que foram coletadas depois de a pessoa ter se alimentado. Algum aumento na glicemia após ter se alimentado é normal, mas mesmo após a refeição, o valor não deve ser muito elevado. O diabetes pode ser diagnosticado se o resultado de uma dosagem aleatória (não realizada com a pessoa em jejum) da glicemia for superior a 200 mg/dl (11,1 mmol/l).

Hemoglobina A1C

O médico também pode medir a concentração sanguínea de uma proteína denominada hemoglobina A1C (também chamada de hemoglobina glicosilada ou glicada), que reflete as tendências nos níveis de glicose no sangue em longo prazo em vez de mostrar alterações rápidas.

A hemoglobina é a substância vermelha que transporta o oxigênio nos glóbulos vermelhos. Quando o sangue é exposto a níveis elevados de glicose no sangue por bastante tempo, a glicose se liga à hemoglobina e forma a hemoglobina glicosilada. O valor de hemoglobina A1C no sangue é relatado na forma de qual porcentagem de hemoglobina é A1C.

As medições de hemoglobina A1C podem ser usadas para diagnosticar diabetes quando o exame for realizado por laboratório certificado (não por instrumentos usados ​​em casa ou no consultório médico). A pessoa com um nível de hemoglobina A1C de 6,5% ou superior tem diabetes. Se o nível estiver entre 5,7 e 6,4, a pessoa tem pré-diabetes e corre o risco de desenvolver diabetes.

ANÁLISE LABORATORIAL

Teste oral de tolerância à glicose

Outro tipo de exame de sangue, o teste oral de tolerância à glicose, pode ser realizado em determinados casos, como um exame preventivo em gestantes para tentar detectar a presença de diabetes gestacional ou para avaliar um idoso que tem sintomas de diabetes, mas cuja glicemia em jejum está normal. No entanto, ele não é usado rotineiramente para detectar a presença do diabetes, porque o exame pode ser muito incômodo.

Nesse exame, com a pessoa em jejum, é coletada uma amostra de sangue para determinar a glicemia em jejum e, em seguida, ela bebe um líquido especial que contém uma quantidade padrão de glicose. Outras amostras de sangue são coletadas nas duas ou três horas seguintes e são examinadas para determinar se a glicemia aumenta até chegar a um valor excepcionalmente elevado.

Exame preventivo para diabetes

Com frequência, a glicemia é medida durante um exame físico de rotina. Medir a glicemia com regularidade é muito importante, sobretudo em idosos, uma vez que o diabetes é muito frequente em pessoas mais velhas. É possível que uma pessoa tenha diabetes, sobretudo do tipo 2, e não saber.

Os médicos não costumam fazer triagem para detectar o diabetes tipo 1, mesmo em pessoas com risco elevado de apresentar diabetes tipo 1 (por exemplo, irmãos, irmãs e filhos de pessoas com diabetes tipo 1). Contudo, é importante realizar exames preventivos em pessoas com risco de apresentar diabetes tipo 2, inclusive aquelas que

  • Têm mais de 35 anos de idade

  • Têm sobrepeso ou obesidade

  • Têm um estilo de vida sedentário

  • Têm um histórico familiar de diabetes

  • Têm pré-diabetes

  • Tiveram diabetes durante a gravidez ou tiveram um bebê que nasceu pesando mais de 4 quilos

  • Tiver hipertensão arterial

  • Têm um distúrbio lipídico, como, por exemplo, colesterol alto

  • Têm doença cardiovascular

  • Têm esteatose hepática

  • Têm doença do ovário policístico

  • Têm ascendência racial ou étnica associada a um alto risco

  • Têm infecção pelo HIV

As pessoas com esses fatores de risco devem realizar exames preventivos para diabetes ao menos uma vez a cada três anos. O risco de diabetes também pode ser estimado por meio de fórmulas para cálculo do risco da American Diabetes Association (Associação Americana de Diabetes). É possível que o médico faça exames de glicemia em jejum e de hemoglobina A1C ou realize um teste oral de tolerância à glicose. Se o resultado do exame estiver no limiar entre normal e alterado, o médico realiza exames preventivos com mais frequência, pelo menos uma vez por ano.

Tratamento do diabetes mellitus

  • Dieta

  • Exercício

  • Perda de peso

  • Educação

  • No diabetes tipo 1, injeções de insulina

  • No diabetes tipo 2, frequentemente, medicamentos por via oral e, às vezes, insulina ou outros medicamentos por injeção

Dieta, atividade física e educação são os pilares do tratamento do diabetes e muitas vezes são as primeiras recomendações dadas a pessoas com diabetes leve. Perder peso é importante para pessoas que estão com excesso de peso. As pessoas que continuam a ter valores de glicemia elevados apesar de terem feito mudanças no estilo de vida ou cujo valor de glicemia é muito alto, bem como as pessoas com diabetes tipo 1 (independentemente do valor da glicemia) precisam de medicamentos.

Uma vez que uma pessoa com diabetes tem uma chance menor de apresentar complicações se ela controlar rigorosamente o valor da glicemia, o objetivo do tratamento do diabetes é o de manter o valor da glicemia o mais próximo possível do normal.

É útil para os diabéticos levar consigo ou usar identificação clínica (tal como bracelete ou etiqueta) para alertar os profissionais de saúde sobre a presença de diabetes. Essa informação permite que os profissionais de saúde iniciem um tratamento rápido de resgate, sobretudo em casos de lesões ou de alterações no estado mental.

cetoacidose diabética e o estado hiperglicêmico hiperosmolar são emergências médicas, uma vez que podem levar ao coma e à morte. O tratamento é similar para ambas e tem por princípio a administração de líquidos intravenosos e insulina.

Tratamento geral do diabetes

A pessoa com diabetes se beneficia em muito quando aprende sobre a doença, entende de que maneira a dieta e a atividade física afetam a glicemia e sabe como evitar complicações. Um enfermeiro especializado em educação sobre diabetes pode fornecer informações sobre o controle da dieta, atividade física, monitoramento da glicemia e a administração de medicamentos.

Pessoas com diabetes devem parar de fumar e consumir apenas quantidades moderadas de álcool (até uma dose por dia para mulheres e duas para homens).

Dieta para pessoas com diabetes

O controle da dieta é muito importante em pessoas com qualquer um dos tipos de diabetes mellitus. O médico recomenda seguir uma dieta saudável e equilibrada, e que a pessoa se esforce para manter um peso saudável. Reunir-se com um nutricionista ou profissional especialista em educação do diabetes para criarem um plano de alimentação ideal pode ser benéfico para pessoas com diabetes. Esse plano inclui

  • Evitar açúcares simples e alimentos processados

  • Aumentar o consumo de fibra dietética

  • Limitar porções de alimentos ricos em carboidratos e ricos em gordura (sobretudo gorduras saturadas)

Pessoas que tomam insulina devem evitar períodos prolongados entre as refeições para prevenir a ocorrência de hipoglicemia. Embora a presença de proteína e gordura na dieta contribua para o número de calorias que a pessoa consome, apenas o teor de carboidratos exerce um efeito direto sobre a glicemia. A American Diabetes Association tem muitas dicas úteis sobre dieta, incluindo receitas. Medicamentos redutores de colesterol costumam ser necessários para diminuir o risco de apresentar doença cardíaca, mesmo quando a pessoa segue uma dieta adequada.

Pessoas com diabetes tipo 1 e algumas pessoas com diabetes tipo 2 podem utilizar o método de contagem de carboidratos ou o sistema de troca de carboidratos para fazer a correspondência entre a dose de insulina e o teor de carboidratos da refeição. A “contagem” da quantidade de carboidratos em uma refeição é um método utilizado para calcular a quantidade de insulina que a pessoa precisa tomar antes de comer. Contudo, a razão entre carboidratos/insulina (a quantidade de insulina tomada para cada grama de carboidratos na refeição) varia de pessoa para pessoa, e a pessoa com diabetes precisa colaborar de maneira próxima com um nutricionista com experiência em trabalhar com pessoas com diabetes para conseguir ter domínio da técnica. Alguns especialistas recomendam a utilização do índice glicêmico (a medida do impacto exercido pelo alimento contendo carboidratos que foi consumido sobre a glicemia) para separar os carboidratos rapidamente metabolizados dos lentamente metabolizados; porém, há pouca evidência sustentando esse tipo de abordagem.

Atividade física para pessoas com diabetes

Uma quantidade adequada de atividade física (no mínimo, 150 minutos por semana, distribuídos ao longo de, no mínimo, três dias), também pode ajudar a pessoa a controlar o peso e a melhorar o valor da glicemia. Uma vez que o valor da glicemia diminui durante a atividade física, a pessoa deve ficar atenta quanto à presença de sintomas de hipoglicemia. Algumas pessoas precisam comer um pequeno lanche durante a atividade física prolongada, diminuir sua dose de insulina ou ambos.

Perda de peso para pessoas com diabetes

Muitas pessoas, especialmente aquelas com diabetes tipo 2, têm excesso de peso ou são obesas. Algumas pessoas com diabetes tipo 2 conseguem evitar ou adiar a necessidade de tomar medicamentos ao alcançar e manter um peso saudável. A perda de peso também é importante para essas pessoas, porque o excesso de peso contribui para o surgimento de complicações do diabetes. Se a pessoa obesa com diabetes estiver tendo dificuldades em perder peso apenas com dieta e atividade física, é possível que o médico receite medicamentos para perder peso ou recomende cirurgia bariátrica (uma cirurgia que causa a perda de peso). Determinados medicamentos para diabetes podem induzir à perda de peso, sobretudo o peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) e os medicamentos inibidores de SGLT2.

Às vezes, o médico recomenda um medicamento que ajuda na perda de peso.

Você sabia que...

Tratamento medicamentoso do diabetes

Existem muitos medicamentos utilizados para tratar o diabetes. Pessoas com diabetes tipo 1 precisam de injeções de insulina para reduzir o nível de glicose no sangue. A maioria das pessoas com diabetes tipo 2 precisa tomar medicamentos por via oral para reduzir o valor da glicemia, mas algumas também precisam de insulina ou de outros medicamentos injetáveis.

Transplante de pâncreas

Às vezes, pessoas com diabetes tipo 1 recebem um transplante total de pâncreas ou apenas das células produtoras de insulina oriundas de um pâncreas doador. Esse procedimento pode permitir que as pessoas com diabetes mellitus tipo 1 mantenham níveis normais de glicose. Contudo, uma vez que a pessoa precisa tomar medicamentos imunossupressores para prevenir a rejeição das células transplantadas pelo organismo, o transplante de pâncreas costuma ser feito apenas em pessoas que apresentam complicações graves devido ao diabetes ou que estejam recebendo outro transplante de órgão (como um rim) e precisarão tomar imunossupressores de qualquer maneira.

Pessoas que são frágeis ou têm problemas médicos

Os idosos e as pessoas com problemas de saúde graves ou vários problemas de saúde precisam seguir os mesmos princípios gerais para controle de diabetes, ou seja, educação, dieta, atividade física e medicamentos, que as pessoas mais jovens. Contudo, arriscar ter uma hipoglicemia (um baixo valor de glicemia) ao tentar controlar rigorosamente os níveis de glicose no sangue pode ser prejudicial para pessoas frágeis ou com vários problemas de saúde.

A deficiência visual pode dificultar a leitura dos glicosímetros e as escalas de dose nas seringas de insulina. Pessoas que têm artrite ou doença de Parkinson ou que tiveram um acidente vascular cerebral podem vir a ter dificuldade para manusear a seringa.

Educação

Além de terem que aprender sobre o próprio diabetes, as pessoas com vários problemas de saúde talvez precisem aprender como integrar o controle do diabetes com o controle das suas outras doenças. É bastante importante aprender a evitar as complicações, como desidratação, lesões de pele e problemas de circulação, e a controlar os fatores que podem contribuir para as complicações do diabetes, como hipertensão arterial e colesterol alto. Esses problemas se tornam mais comuns com a idade, tendo diabetes ou não.

Dieta

Muitos idosos têm dificuldade em seguir uma dieta saudável e equilibrada que consiga controlar a glicemia e o peso. Pode vir difícil mudar as preferências alimentares de longa data e os hábitos alimentares. Algumas pessoas têm outras doenças que podem ser afetadas pela dieta e talvez não consigam entender como fazer a integração das recomendações de dieta em suas várias doenças.

Algumas pessoas podem não conseguir controlar o que comem porque alguém cozinha para eles, em casa, em uma casa de repouso ou em outra instituição. Quando os diabéticos não fazem sua própria comida, as pessoas que compram e preparam as refeições para eles também devem compreender a dieta que eles precisam. Essas pessoas e seus cuidadores geralmente se beneficiam caso consultem um nutricionista para criarem um plano de alimentação saudável e viável.

Exercício

Algumas pessoas podem vir a ter dificuldade em adicionar atividade física à vida diária, sobretudo se tiverem tido um estilo de vida sedentário até então ou se tiverem uma doença que limite seus movimentos, como a artrite. No entanto, talvez eles consigam adicionar atividade física à sua rotina habitual. Por exemplo, a pessoa pode caminhar em vez de andar de carro ou subir escadas em vez de pegar o elevador.

Medicamentos

Tomar os medicamentos usados para tratar diabetes, sobretudo a insulina, pode ser difícil para algumas pessoas. Para as pessoas com problemas de visão ou outros problemas que dificultam o preenchimento da seringa com precisão, um cuidador pode preparar as seringas antecipadamente e armazená-las na geladeira. Pessoas com uma dose estável de insulina podem adquirir seringas pré‑carregadas. O uso de canetas de insulina pré‑carregadas pode ser mais fácil para pessoas com limitações físicas. Alguns destes dispositivos têm números grandes e mostradores fáceis de girar.

Monitoramento dos valores da glicemia

Visão prejudicada, destreza manual limitada devido à artrite, tremor ou acidente vascular cerebral ou outras limitações físicas podem dificultar o monitoramento dos valores da glicemia por algumas pessoas. No entanto, os monitores especiais estão disponíveis. Alguns têm grandes telas numéricas, que são de leitura mais fácil. Alguns fornecem instruções e resultados por áudio. Alguns monitores fazem a leitura do valor da glicemia através da pele e não precisam de uma amostra de sangue. As pessoas podem consultar um educador especialista em diabetes para determinar qual medidor é o mais apropriado.

Hipoglicemia

A complicação mais comum no tratamento de níveis elevados de glicose no sangue é o nível baixo de glicose no sangue (hipoglicemia). O risco é maior para pessoas que são frágeis, que estão doentes o suficiente para precisar de internações hospitalares frequentes ou que tomam vários medicamentos. Dentre todos os medicamentos disponíveis para tratar o diabetes, os medicamentos à base de sulfonilureia de ação prolongada ou insulina são os que têm mais propensão de causar baixos níveis de glicose no sangue em pessoas com problemas de saúde graves ou vários problemas de saúde, sobretudo em pessoas idosas. Quando tomam esses medicamentos, essas pessoas também ficam mais propensas a ter sintomas graves, como desmaios e quedas, e têm dificuldade em pensar ou usar partes do corpo devido aos níveis baixos de glicose no sangue.

A hipoglicemia em idosos pode ser menos evidente do que em pessoas mais jovens. A confusão causada pela hipoglicemia pode ser confundida com demência ou com o efeito sedativo de medicamentos. Além disso, as pessoas que apresentam dificuldade em se comunicar (como ocorre após um acidente vascular cerebral ou devido à demência) talvez não consigam informar aos outros que estão apresentando sintomas.

Monitoramento do tratamento do diabetes

O monitoramento da glicemia é uma parte essencial do tratamento do diabetes. O monitoramento rotineiro da glicemia oferece as informações necessárias para fazer os ajustes necessários aos medicamentos, dieta e atividade física. Pode ser perigoso esperar até ter sintomas de níveis baixos ou altos de glicose no sangue para medi-la.

Objetivos do tratamento do diabetes

Os especialistas recomendam que as pessoas mantenham o valor da glicemia

  • Entre 80 e 130 mg/dl (4,4 e 7,2 mmol/l) em jejum (antes das refeições)

  • Abaixo de 180 mg/dl (10,0 mmol/l) duas horas após as refeições

Os níveis de hemoglobina A1C devem ser inferiores a 7%.

Algumas pessoas usam um aparelho para monitoramento contínuo de glicose (MCG), um dispositivo externo que é conectado ao corpo e registra continuamente os níveis de glicose no sangue. Quando esse tipo de aparelho é usado, os médicos usam um tipo diferente de medição para determinar se os níveis de glicose no sangue estão sendo bem controlados. Eles usam um valor chamado tempo dentro do intervalo. O tempo dentro do intervalo é a porcentagem de tempo durante um período específico em que o nível de glicose no sangue está no nível alvo da pessoa. Geralmente, o intervalo é de 70 a 180 mg/ml (3,9 a 9,9 mmol/l).

Uma vez que o tratamento agressivo para alcançar esses objetivos aumenta o risco de haver uma redução excessiva nos valores da glicemia (hipoglicemia), esses objetivos são ajustados para algumas pessoas para as quais a hipoglicemia é especificamente indesejável, como os idosos.

Alguns outros objetivos são manter a pressão arterial sistólica inferior a 140 mmHg e pressão arterial diastólica inferior a 90 mmHg. No caso de pessoas com diabetes com doença cardíaca ou com um alto risco de ter doença cardíaca, a meta é que a da pressão arterial seja inferior a 130/80 mmHg.

Muitas coisas causam uma alteração nos valores da glicemia:

  • Dieta

  • Exercício

  • Estresse

  • Doença

  • Medicamentos

  • Hora do dia

O valor da glicemia pode aumentar bruscamente caso a pessoa consuma alimentos cujo teor de carboidratos é maior do que ela pensava. Estresse emocional, infecção e muitos medicamentos tendem a aumentar os valores da glicemia. Os valores da glicemia aumentam em muitas pessoas nas primeiras horas da manhã devido à liberação normal de hormônios (hormônio do crescimento e cortisol), uma reação denominada fenômeno do alvorecer. Os valores da glicemia no sangue podem aumentar significativamente quando o organismo libera determinados hormônios em resposta a níveis baixos de glicose no sangue (efeito Somogyi). A prática de atividade física pode causar uma redução excessiva dos níveis de glicose no sangue.

Monitoramento dos valores da glicemia

As concentrações de glicose no sangue podem ser medidas facilmente em casa ou em qualquer lugar.

teste de glicemia capilar é a maneira mais comum de monitorar a glicemia. A maioria dos dispositivos de monitoramento da glicemia (glicosímetros) utilizam uma gota de sangue obtida por picada na ponta do dedo com uma pequena lanceta. A lanceta tem uma agulha fina que pode ser utilizada para puncionar o dedo ou ser colocada em dispositivo com mola que perfura fácil e rapidamente a pele. A maioria das pessoas acha que a picada provoca apenas desconforto mínimo. Em seguida, uma gota de sangue é colocada em uma fita reativa. A fita contém substâncias químicas que sofrem alterações dependendo do nível de glicose. O glicosímetro lê as mudanças na fita reativa e apresenta o resultado em um mostrador digital. Alguns dispositivos permitem que a amostra de sangue seja obtida de outros lugares, como palma da mão, antebraço, braço, coxa ou panturrilha. Os glicosímetros caseiros são menores que um baralho de cartas.

Sistemas de monitoramento contínuo de glicose (MCG) usam um pequeno sensor de glicose colocado sob a pele. O sensor mede a glicemia em intervalos de alguns minutos. Há dois tipos de sistemas de MCG, com diferentes finalidades:

  • Profissional

  • Pessoal

Os sistemas de MCG profissionais coletam dados contínuos sobre a glicemia durante um período (72 horas até 14 dias). Os profissionais de saúde utilizam essas informações para fazer recomendações de tratamento. Os sistemas de MCG profissionais não informam dados à pessoa com diabetes.

Os sistemas de MCG pessoais são utilizados pela pessoa e informam dados em tempo real sobre a glicemia em um pequeno monitor portátil ou em um smartphone conectado a ele. Alarmes no sistema MCG podem ser configurados para soar quando o valor da glicemia ficar demasiadamente baixo ou elevado e, com isso, o dispositivo pode ajudar as pessoas a identificar rapidamente mudanças preocupantes na glicemia.

Os sistemas de MCG podem ser usados por até 14 dias, geralmente não precisam ser calibrados e podem ser usados para administração da insulina sem a necessidade de confirmação por meio de teste de glicemia capilar. Existem também sistemas nos quais o aparelho de MCG se comunica com bombas de insulina, dando um comando para interromper a administração de insulina quando a glicose no sangue estiver em queda (suspensão automática) ou para administrar insulina diariamente (sistema de circuito fechado híbrido).

Os sistemas MCG são especialmente úteis em determinadas circunstâncias, como no caso de pessoas com diabetes tipo 1 que apresentam mudanças frequentes e rápidas da glicose no sangue (especialmente nos casos em que os níveis de glicose ficam muito baixos), que são difíceis de identificar por meio do teste de glicemia capilar. Os sistemas de MCG permitem que a pessoa meça o período em que seus níveis de glicose no sangue permaneceram dentro de um determinado intervalo, e os médicos usam essa medição para definir objetivos de tratamento e ajustar a dose de insulina.

Manter um registro dos níveis de glicose no sangue e relatá-los ao médico ou enfermeiro ajuda os médicos e enfermeiros a prestarem orientações para ajustar a dose de insulina ou do medicamento hipoglicemiante oral. Muitas pessoas podem aprender a ajustar a dose de insulina sozinhas, quando necessário. É possível que algumas pessoas com casos leves ou iniciais de diabetes tipo 2 que esteja bem controlado com um ou dois medicamentos não precisem realizar o teste de glicemia capilar com tanta frequência.

Hemoglobina A1C

O médico pode monitorar o tratamento por meio de exames de sangue denominados hemoglobina A1C. Quando os valores da glicemia estiverem elevados, ocorrem alterações na hemoglobina, a proteína que transporta o oxigênio no sangue. Essas alterações são diretamente proporcionais aos valores da glicemia por um longo período. Quanto maior for o nível de hemoglobina A1C, mais elevados serão os níveis de glicose da pessoa. Dessa forma, ao contrário da medição da glicemia, que revela o valor em um momento determinado, a medição da hemoglobina A1C revela se os níveis de glicose no sangue estiveram controlados nos meses anteriores.

Os diabéticos apontam para um nível de hemoglobina A1C inferior a 7%. Alcançar esse nível às vezes é difícil, mas quanto menor o nível de hemoglobina A1C, menor será a probabilidade de essas pessoas terem complicações. É possível que o médico recomende usar um valor alvo ligeiramente maior ou menor para determinadas pessoas, dependendo da sua situação de saúde em particular. Contudo, níveis acima de 9% demonstram pouco controle e níveis acima de 12% demonstram controle muito fraco. A maioria dos médicos que se especializa em cuidados com o diabetes recomenda que a hemoglobina A1C seja medida a cada três a seis meses.

Frutosamina

A frutosamina, um aminoácido que se liga à glicose, também é útil para medir o controle da glicose no sangue no período de algumas semanas e é geralmente usado quando os resultados da hemoglobina A1C não são confiáveis, como é o caso de pessoas que têm anemia causada por deficiência de ferro, ácido fólico ou vitamina B12 ou formas anômalas de hemoglobina, como aquelas presentes na anemia falciforme ou na talassemia.

Glicose na urina

Apesar de também ser possível examinar a urina quanto à presença de glicose, o exame da urina não é uma maneira adequada de monitorar ou ajustar o tratamento. O exame de urina pode induzir em erro, porque a quantidade de glicose na urina pode não refletir o valor atual de glicose no sangue. Os valores da glicemia podem ficar muito baixos ou moderadamente elevados sem mostrar nenhuma alteração nos níveis de glicose na urina.

Pessoas com dificuldade em manter os níveis de glicose no sangue

As pessoas com diabetes tipo 1 podem apresentar oscilações nos valores da glicemia com mais frequência porque a produção de insulina está completamente ausente. Infecções, a demora na movimentação do alimento através do estômago e outros distúrbios hormonais também podem contribuir para essas oscilações nos valores da glicemia. Quando a pessoa tem dificuldade em controlar a glicose no sangue, o médico procura por outros distúrbios que possam estar causando o problema, bem como oferece à pessoa mais orientações sobre como monitorar o diabetes e tomar os medicamentos.

Prevenção do diabetes mellitus

Diabetes tipo 1

Não existe nenhum tratamento que evite a ocorrência do diabetes mellitus tipo 1. Alguns medicamentos podem causar a remissão do diabetes tipo 1 precoce em algumas pessoas, talvez porque eles evitam que o sistema imunológico destrua as células do pâncreas. No entanto, essas alterações são temporárias e os medicamentos causam efeitos colaterais que limitam seu uso.

Diabetes tipo 2

A prevenção do diabetes tipo 2 pode ser feita através de mudanças no estilo de vida. Se uma pessoa com excesso de peso perder apenas 7% do peso corporal e aumentar a quantidade de atividade física (por exemplo, caminhar 30 minutos todos os dias), isso pode diminuir o risco de ela ter diabetes mellitus em mais de 50%. A metformina, um medicamento utilizado para tratar o diabetes, pode vir a reduzir o risco de ter diabetes em pessoas cuja regulação da glicose está comprometida.

Mais informações

Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O MANUAL não é responsável pelo conteúdo dos recursos.

  1. American Diabetes Association: Informações abrangentes sobre o diabetes, incluindo recursos para viver com diabetes

  2. JDRF (anteriormente denominado Juvenile Diabetes Research Foundation): Informações gerais sobre o diabetes mellitus tipo 1

  3. National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases: Informações gerais sobre o diabetes, incluindo sobre as mais recentes pesquisas e programas comunitários de divulgação

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Complicações do Diabetes mellitus

PorErika F. Brutsaert, MD, New York Medical College
Revisado/Corrigido: out 2022
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FATOS RÁPIDOS

A pessoa com diabetes mellitus pode apresentar várias complicações de longo prazo que afetam muitas áreas do corpo, sobretudo os vasos sanguíneos, os nervos, os olhos e os rins.

(consulte também Diabetes Mellitus).

Existem dois tipos de diabetes mellitus:

  • tipo 1, no qual o sistema imunológico do corpo ataca as células produtoras de insulina do pâncreas e mais de 90% delas são destruídas de forma permanente

  • tipo 2, em que o corpo desenvolve resistência aos efeitos da insulina

Em ambos os tipos, a quantidade de açúcar (glicose) no sangue está elevada.

As pessoas com diabetes tipo 1 ou tipo 2 têm grande probabilidade de apresentar complicações, como resultado de nível elevado de glicose. No entanto, uma vez que o diabetes tipo 2 pode estar presente por algum tempo antes de ser diagnosticado, as complicações no diabetes tipo 2 podem ser mais graves ou estar mais avançadas quando são descobertas.

As pessoas com diabetes mellitus podem ter muitas complicações graves em longo prazo. Algumas dessas complicações começam meses depois do surgimento de diabetes; no entanto, a maioria tende a surgir após alguns anos. A maioria das complicações piora gradualmente. Controlar rigorosamente o nível de glicose no sangue em pessoas com diabetes faz com elas fiquem menos propensas a ter essas complicações ou que elas venham a piorar.

Causas das complicações do diabetes mellitus

A maioria das complicações do diabetes são o resultado de problemas com os vasos sanguíneos. Os níveis glicêmicos que permanecem elevados durante um longo período fazem com que pequenos e grandes vasos sanguíneos estreitem. O estreitamento reduz o fluxo de sangue para várias partes do corpo e leva a problemas. Há várias causas para o estreitamento dos vasos sanguíneos:

  • As substâncias complexas derivadas da glicose se acumulam nas paredes dos pequenos vasos sanguíneos e provocam o seu espessamento e sangramento.

  • O controle inadequado da glicemia causa o aumento dos níveis de gordura no sangue, dando origem à aterosclerose e à diminuição do fluxo sanguíneo nos vasos maiores.

Tipos de complicações do diabetes

Complicações dos vasos sanguíneos no diabetes

A aterosclerose leva a ataques cardíacos e a acidentes vasculares cerebrais. A aterosclerose é entre duas e quatro vezes mais comum e tende a ocorrer em idade jovem nos diabéticos do que nas pessoas que não têm diabetes.

Com o passar do tempo, o estreitamento dos vasos sanguíneos pode causar danos ao coração, cérebro, pernas, olhos, rins, nervos e pele, dando origem à anginainsuficiência cardíacaacidentes vasculares cerebrais, cãibras nas pernas ao caminhar (claudicação), visão prejudicada, doença renal crônica, danos aos nervos (neuropatia) e ulcerações na pele.

Infecção no diabetes

As pessoas com diabetes frequentemente apresentam infecções bacterianas e fúngicas, geralmente na pele e boca. Quando os níveis de glicose no sangue são elevados, os glóbulos brancos não conseguem combater as infecções de maneira eficaz. Toda a infecção que surge tende a ser mais grave e demorar mais tempo para sarar em pessoas com diabetes. Às vezes, uma infecção é o primeiro sinal de diabetes.

Um exemplo desse tipo de infecção é uma infecção fúngica denominada candidíase. A levedura Candida reside, normalmente, na boca, no aparelho digestivo e na vagina e, de forma geral, não causa lesão. No entanto, em pessoas com diabetes, a Candida pode infectar as membranas mucosas e as regiões úmidas da pele causando erupções cutâneas nesses locais.

Além disso, as pessoas com diabetes são particularmente propensas a apresentar úlceras e infecções nos pés e nas pernas devido à má circulação na pele. É muito frequente que essas feridas tenham uma cicatrização muito lenta ou nunca cheguem a cicatrizar. Quando as feridas não cicatrizam, elas normalmente ficam infectadas e isso pode causar gangrena (morte do tecido) e infecção óssea (osteomielite). Pode ser necessário amputar o pé ou parte da perna.

Problemas nos olhos no diabetes

O dano nos vasos sanguíneos do olho pode causar perda de visão (retinopatia diabética). A cirurgia a laser pode selar o sangramento dos vasos sanguíneos do olho e evitar o dano permanente à retina. Às vezes, é possível utilizar outras formas de cirurgia ou medicamentos injetáveis. Por esse motivo, os diabéticos devem realizar anualmente um exame ocular para verificar se há sinais prévios de danos.

Danos hepáticos no diabetes

Eles ocorrem com frequência em pessoas diabéticas que também têm esteatose hepática, na qual depósitos anômalos de gordura se acumulam no fígado. A esteatose hepática pode, às vezes, progredir para doença hepática mais grave, incluindo cirrose. O médico faz o diagnóstico de problemas de fígado caso os exames de sangue da função hepática estejam alterados e ele confirma o diagnóstico por meio de biópsia hepática. Perder peso, manter um bom controle da glicemia e tratar o colesterol alto podem ajudar.

Lesão renal no diabetes

É possível que ocorra um mau funcionamento dos rins, que causa doença renal crônica que pode precisar de diálise ou transplante renal. O médico normalmente examina a urina dos diabéticos quanto à presença de uma concentração excepcionalmente elevada de proteína (albumina), que é um sinal precoce de danos renais. Assim que surgem os primeiros sinais de complicações renais, as pessoas costumam receber medicamentos que retardam o avanço de danos renais, como, por exemplo, inibidores do cotransportador de sódio-glicose tipo 2 (SGLT2) (medicamentos que aumentam a secreção da glicose na urina), inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA) ou bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA).

Lesão nervosa no diabetes

As lesões nervosas podem se manifestar de várias formas. Caso ocorra o mau funcionamento de um único nervo, pode haver o enfraquecimento repentino do braço ou da perna. Caso ocorra lesão aos nervos das mãos, pernas e pés (polineuropatia diabética), a sensação pode ficar alterada, com o surgimento de formigamento ou ardência e fraqueza nos braços e pernas. As lesões nos nervos da pele tornam as lesões repetidas mais frequentes porque as pessoas tendem a não sentir mais as mudanças na pressão ou na temperatura.

Problemas de pé no diabetes

O diabetes causa muitas mudanças no corpo. As seguintes alterações nos pés são frequentes e difíceis de tratar:

  • As lesões no nervo (neuropatia) afetam a sensibilidade dos pés ao ponto de não se sentir dor. Irritação e outras formas de lesão podem passar desapercebidas. Uma lesão pode perfurar a pele antes de a pessoa sentir qualquer dor.

  • As alterações na sensibilidade mudam a forma como o diabético suporta o peso em seus pés e os concentra em determinadas áreas para formarem calosidades. As calosidades (e pele seca) aumentam o risco de feridas na pele.

  • O diabetes pode causar má circulação nos pés, formar úlceras mais provavelmente quando a pele estiver lesionada e formar úlceras mais difíceis de curar.

Como o diabetes pode afetar a capacidade de o organismo combater infecções, uma úlcera no pé, após formada, torna-se facilmente infectada. Devido à neuropatia, é possível que a pessoa não sinta desconforto decorrente da infecção até ela ter se tornado grave e difícil de ser tratada, o que dá origem à gangrena. O diabético tem 30 vezes mais probabilidade de ter de amputar um pé ou uma perna do que um não diabético.

O cuidado com os pés é fundamental (consulte Cuidado com os pés). Os pés devem ser protegidos contra lesões e a pele deve ser mantida hidratada com um bom creme hidratante. Os sapatos devem se ajustar adequadamente e não provocarem nenhuma área de irritação. Os sapatos devem ter amortecimento adequado para distribuir a pressão originada quando se está de pé. Não é aconselhável andar descalço. O cuidado regular de um podólogo (médico especializado em cuidar dos pés) para lixar as unhas dos pés e tratar as calosidades, pode ser útil. Além disso, a sensibilidade e a circulação sanguínea dos pés devem ser avaliadas em intervalos regulares pelo médico.

TABELA

Monitoramento e prevenção de complicações do diabetes

No momento do diagnóstico e, em seguida, pelo menos anualmente, as pessoas com diabetes tipo 2 são monitoradas quanto à presença de complicações do diabetes, como danos nos rins, olhos e nervos. Em pessoas com diabetes tipo 1, os médicos começam a monitorar as complicações cinco anos após o diagnóstico. Normalmente, os exames preventivos incluem o seguinte:

  • Exame dos pés para testar a sensibilidade e verificar sinais de má circulação (úlceras, perda de cabelo)

  • Exame dos olhos (realizado por um oftalmologista)

  • Exames de sangue e urina da função renal

  • Exames de sangue para medir os níveis de colesterol

  • Às vezes, um eletrocardiograma

O agravamento das complicações pode ser evitado ou atrasado por meio de um controle rigoroso da glicemia ou ao administrar tratamento antecipado com medicamentos. Os fatores de risco para problemas cardíacos, tais como hipertensão arterial e colesterol alto, são avaliados em todas as consultas médicas e são tratados com medicamentos caso necessário.

Cuidados adequados com os pés e exames oftalmológicos regulares podem ajudar a prevenir ou retardar o início das complicações do diabetes. Pessoas com diabetes recebem a vacina contra o Streptococcus pneumoniae, hepatite B e COVID-19, e o médico normalmente recomenda que elas tomem a vacina anual contra a gripe, uma vez que pessoas com diabetes correm risco de contrair infecções.

Tratar a hipertensão arterial e o colesterol alto, que podem contribuir para problemas de circulação, também pode ajudar a prevenir algumas das complicações do diabetes. Pessoas com diabetes entre 40 e 75 anos de idade recebem uma terapia à base de estatina para reduzir os níveis de colesterol e reduzir o risco cardiovascular. Pessoas com menos de 40 anos e mais de 75 anos que têm um alto risco de apresentar doença cardíaca também devem tomar uma estatina.

Outro problema comum em diabéticos é a doença na gengiva (gengivite) e visitas regulares ao dentista para limpeza e cuidados preventivos são importantes.

Você sabia que...

  • As pessoas que conseguem controlar rigorosamente a glicemia talvez consigam minimizar ou adiar as complicações do diabetes.

Prevenção da hipoglicemia

Um dos desafios de tentar controlar rigorosamente os valores da glicemia é que níveis baixos de glicose no sangue (hipoglicemia) podem ocorrer com alguns dos medicamentos hipoglicemiantes que costumam ser tomados (por exemplo, insulina ou sulfonilureias). O reconhecimento da presença de um nível baixo de glicose no sangue é importante, porque o tratamento da hipoglicemia representa uma emergência. Os sintomas podem incluir dor de fome, batimento cardíaco acelerado, tremores, sudorese e incapacidade de pensar com clareza.

Se a hipoglicemia for muito grave, é preciso fornecer glicose ao organismo rapidamente para evitar a ocorrência de danos permanentes e aliviar os sintomas. Na maioria das vezes, as pessoas podem ingerir açúcar. Praticamente qualquer forma de açúcar é suficiente, embora a glicose funcione mais rapidamente do que o açúcar de mesa (o açúcar de mesa geralmente é a sacarose). Muitos diabéticos levam consigo comprimidos de glicose ou bolsas de gel de glicose. Outras opções são beber um copo de leite (que contém lactose, um tipo de açúcar), água glicosada ou suco de frutas, ou comer um pedaço de bolo, alguma fruta ou outro alimento doce. Em situações mais graves, talvez seja necessário que profissionais de saúde de emergência injetem glicose na veia.

Outro tratamento para hipoglicemia inclui a utilização de glucagon. O glucagon pode ser injetado no músculo ou inalado na forma de pó nasal, estimulando o fígado a liberar grandes quantidades de glicose no prazo de alguns minutos. Pequenos kits portáteis contendo uma seringa ou uma caneta injetora automática contendo glucagon estão disponíveis para pessoas que frequentemente têm episódios de níveis baixos de glicose no sangue usarem em emergências quando elas não têm como consumir açúcar por via oral.

Mais informações

Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O MANUAL não é responsável pelo conteúdo dos recursos.

  1. American Diabetes Association: Informações abrangentes sobre o diabetes, incluindo recursos para viver com diabetes

  2. JDRF (anteriormente denominado Juvenile Diabetes Research Foundation): Informações gerais sobre o diabetes mellitus tipo 1

  3. National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases: Informações gerais sobre o diabetes, incluindo sobre as mais recentes pesquisas e programas comunitários de divulgação

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Tratamento medicamentoso do diabetes mellitus

PorErika F. Brutsaert, MD, New York Medical College
Revisado/Corrigido: out 2022
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FATOS RÁPIDOS

Muitas pessoas com diabetes precisam de medicamentos para reduzir os níveis de glicose no sangue, aliviar os sintomas e prevenir as complicações do diabetes.

Existem dois tipos de diabetes mellitus

  • tipo 1, no qual o sistema imunológico do corpo ataca as células produtoras de insulina do pâncreas e mais de 90% delas são destruídas de forma permanente

  • tipo 2, em que o corpo desenvolve resistência aos efeitos da insulina

tratamento geral do diabetes tipo 1 exige mudanças no estilo de vida, incluindo uma dieta saudável e atividade física. Pessoas com diabetes tipo 1 precisam tomar injeções de insulina e monitorar com frequência os níveis de glicemia.

tratamento geral do diabetes tipo 2 também exige mudanças no estilo de vida, incluindo perda de peso, uma dieta saudável e atividade física. Algumas pessoas com diabetes tipo 2 conseguem controlar os valores da glicemia apenas com dieta e atividade física, mas a maioria das pessoas precisa de medicamentos para reduzir a glicemia, incluindo, às vezes, insulina. Pessoas que tomam medicamentos para diabetes tipo 2 geralmente precisam monitorar os níveis de glicose do sangue todos os dias ou até mesmo várias vezes por dia.

O médico precisa ter cuidado ao tratar o diabetes com medicamentos, uma vez que a insulina e muitos dos medicamentos administrados por via oral podem fazer com que os valores da glicemia fiquem muito baixos (hipoglicemia).

Terapia de substituição com insulina

Pessoas com diabetes tipo 1 quase sempre precisam de terapia com insulina; caso contrário, elas ficarão muito doentes. Muitas pessoas com diabetes tipo 2 também precisam de insulina. Geralmente, a insulina é injetada sob a pele. Para determinadas pessoas, a insulina inalada também está disponível, embora não seja comumente utilizada. A insulina atualmente não pode ser administrada por via oral, porque a insulina é destruída no estômago. Novas formas de apresentação de insulina, como formas que podem ser tomadas por via oral, estão sendo testadas.

insulina é injetada sob a pele na camada adiposa, geralmente no braço, na coxa ou no abdômen. Pequenas seringas com agulhas muito finas fazem com que as injeções sejam menos dolorosas.

A caneta de insulina, que contém um cartucho que mantém a insulina, é uma forma conveniente para muitas pessoas transportarem e usarem a insulina, sobretudo para as pessoas que tomam várias injeções diárias fora de casa.

Outro dispositivo é uma bomba de insulina que bombeia a insulina de forma contínua desde um reservatório através de uma pequena cânula (um tubo de plástico oco) implantado na pele. A taxa de administração da insulina pode ser ajustada dependendo do horário do dia, se a pessoa está se exercitando ou outros parâmetros. A pessoa pode administrar doses adicionais de insulina conforme necessário para as refeições ou para corrigir níveis elevados de glicose no sangue. A bomba imita, de maneira mais semelhante, a forma como o organismo normalmente produz a insulina. A terapia por bomba é considerada em algumas pessoas que necessitam de mais de três injeções por dia. Para algumas pessoas, a bomba oferece um grau de controle adicional, mas é incômoda ou causa feridas no local de inserção da agulha para outras.

Existem também à disposição sistemas de administração de insulina por meio de um circuito fechado híbrido. Esses sistemas (às vezes denominados pâncreas artificial) utilizam um algoritmo para calcular e automaticamente administrar as doses basais de insulina através de uma bomba de insulina, tomando por base os dados oriundos de um aparelho monitor contínuo de glicose. Contudo, esse aparelho não elimina a necessidade de a pessoa monitorar seus níveis de glicose no sangue e autoadministrar doses de insulina antes das refeições.

Formas de insulina

insulina está disponível em quatro formas principais, divididas pela velocidade de início e duração da ação:

  • insulina de ação rápida inclui as insulinas lispro, asparte e glulisina. Esses tipos de insulina são os mais rápidos que existem, e atingem o pico da atividade no prazo de aproximadamente uma hora e continuam a atuar por três a cinco horas. As insulinas de ação rápida são injetadas no início de uma refeição.

  • insulina de ação curta, como a insulina regular, começa a atuar com mais lentidão e dura mais tempo que a insulina de ação rápida. A insulina regular alcança sua atividade máxima no período de 2 a 4 horas e seu efeito dura de 6 a 8 horas. Ela é injetada 30 minutos antes da refeição.

  • insulina de ação intermediária, como, por exemplo, a insulina isofana (às vezes chamada de protamina neutra de Hagedorn ou NPH) ou insulina U‑500, começa a atuar no prazo de 0,5 a duas horas, atinge o pico da atividade no prazo de quatro a 12 horas e tem efeito por 13 a 26 horas, dependendo de qual insulina de ação intermediária é utilizada. Esse tipo de insulina pode ser usado pela manhã, para fornecer cobertura na primeira parte do dia, ou ao entardecer, para fornecer a cobertura necessária durante a noite.

  • insulina de ação prolongada, como a insulina glargina, a insulina detemir, a insulina glargina U-300 ou a insulina degludec, tem muito pouco efeito durante as primeiras horas, mas oferece cobertura por 20 a 40 horas, dependendo de qual desses tipos é usado.

Tanto a insulina de ação rápida como a insulina de ação curta costumam ser utilizadas por pessoas que tomam várias injeções diárias e precisam de insulina adicional para as refeições.

Existem algumas combinações de insulinas pré-misturadas à disposição. Além disso, existem insulinas concentradas para pessoas que precisam de doses elevadas de insulina.

insulinainalada está disponível para ser usada em algumas situações por pessoas que não conseguem ou não estão dispostas a receber injeções de insulina. A insulina inalada está disponível como um inalador (similar ao inalador para asma), e as pessoas inalam a insulina até os pulmões para absorção. A insulina inalada funciona de forma similar à insulina de ação curta e necessita ser administrada várias vezes ao dia. As pessoas também necessitam receber injeções de insulina de ação prolongada. O médico examina a função pulmonar em pessoas que estão utilizando a insulina inalada a cada seis a doze meses.

Os preparados de insulina são estáveis em temperatura ambiente por, no máximo, um mês, o que permite transportá-los, levá-los ao trabalho ou em viagens. Contudo, a insulina não deve ser exposta a temperaturas extremas e deve ser mantida sob refrigeração se for ficar armazenada por mais de um mês.

Escolha do tipo e da dose de insulina

A escolha da insulina é complexa. O médico leva em consideração os seguintes fatores para decidir qual insulina é melhor para a pessoa e quanta insulina deve ser utilizada:

  • Quão bem o organismo responde à insulina que ele próprio produz

  • Qual o nível de aumento da glicose no sangue após as refeições

  • Se existe a possibilidade de utilizar outros medicamentos hipoglicemiantes em vez de insulina

  • Quão disposta e apta a pessoa está para monitorar seus níveis de glicose no sangue e ajustar sua dosagem de insulina

  • Com que frequência a pessoa está disposta a injetar insulina

  • Quão variadas são as atividades diárias

  • Qual o grau de predisposição daquela pessoa de ter sintomas de hipoglicemia (níveis baixos de glicose no sangue)

Às vezes, o médico instrui a pessoa a combinar dois tipos de insulina – uma insulina de ação rápida e uma de ação intermediária – em uma dose matinal. Uma segunda injeção de um tipo de insulina ou de ambas pode ser administrada no jantar ou antes de dormir.

Algumas pessoas recebem a mesma quantidade de insulina todos os dias. Outras pessoas, especialmente aquelas com diabetes tipo 1, precisam ajustar a dose de insulina, sobretudo aquelas tomadas no horário das refeições, dependendo da dieta, do nível de atividade física e dos padrões da glicemia. Além disso, a necessidade de insulina pode mudar caso a pessoa ganhe ou perca peso ou tiver estresse emocional ou doença, sobretudo infecções.

Um esquema ajustável inclui uma injeção de insulina de ação prolongada pela manhã ou à noite, além de várias outras injeções de insulina de ação rápida durante o dia, junto às refeições. Os ajustes são feitos conforme a insulina precisar ser alterada. A medição dos valores da glicemia várias vezes ao dia ajuda a determinar o ajuste. Este esquema exige que a pessoa tenha um amplo conhecimento sobre o diabetes para poder prestar muita atenção aos detalhes do próprio tratamento.

Hipoglicemia

A complicação mais comum do tratamento com insulina é a ocorrência de níveis baixos de glicose no sangue (hipoglicemia). A hipoglicemia costuma ocorrer em pessoas que tentam controlar rigorosamente a glicemia.

Os sintomas de hipoglicemia leve ou moderada incluem dor de cabeça, sudorese, palpitações, tontura, visão borrada, agitação e confusão. Os sintomas de hipoglicemia mais grave incluem convulsões e perda de consciência. A hipoglicemia pode causar sintomas similares aos do AVC em idosos.

Pessoas que apresentam hipoglicemia com frequência talvez não fiquem cientes dos episódios hipoglicêmicos porque elas pararam de ter os sintomas (hipoglicemia assintomática).

O médico ensina à pessoa a reconhecer os sintomas de hipoglicemia e como tratá-los. Normalmente, a pessoa pode consumir algo doce como uma bala ou suco para elevar rapidamente o nível de glicose no sangue. Às vezes, a pessoa também leva consigo comprimidos de glicose para ela tomar caso apresente hipoglicemia. Uma vez que é possível que a pessoa com hipoglicemia esteja muito confusa para reconhecer que ela está com hipoglicemia, é importante que outras pessoas da família e outras pessoas de confiança saibam reconhecer os sinais da hipoglicemia.

Anticorpos contra a insulina

Em casos muito raros, o organismo produz anticorpos contra a insulina injetada, uma vez que a insulina injetada não é exatamente a mesma insulina que o organismo produz. Esses anticorpos podem interferir na atividade da insulina, exigindo doses muito elevadas.

Reação alérgica à insulina

As injeções de insulina podem afetar a pele e os tecidos subjacentes. Uma reação alérgica, que raramente ocorre, provoca dor e ardor, seguidas de rubor, irritação e inchaço em torno do local da injeção por várias horas. Em casos muito raros, a pessoa pode apresentar uma reação anafilática após receber uma injeção de insulina.

Reações cutâneas à insulina

As injeções de insulina podem causar a formação de nódulos de gordura, causando saliências na pele, ou podem destruir a gordura, causando depressões na pele. Embora esta reação cutânea não seja uma reação alérgica, ela pode causar uma redução na absorção da insulina injetada. Por isso, é importante alternar os locais de aplicação da injeção, por exemplo, usando a coxa em um dia, o estômago em outro e o braço no próximo, para evitar esses problemas.

Medicamentos hipoglicemiantes orais

Com frequência, os medicamentos hipoglicemiantes orais conseguem causar uma redução adequada nos valores da glicemia em pessoas com diabetes tipo 2. No entanto, eles não têm eficácia no diabetes tipo 1. Existem vários tipos de medicamentos hipoglicemiantes orais que têm quatro modos de ação principais:

  • Os secretagogos da insulina estimulam o pâncreas a produzir mais insulina

  • Os sensibilizadores da insulina não afetam a liberação da insulina e sim aumentam a resposta do organismo a ela

  • Alguns medicamentos atrasam a absorção da glicose pelo intestino

  • Alguns medicamentos aumentam a excreção da glicose na urina

Os secretagogos de insulina incluem as sulfonilureias (por exemplo, a gliburida, a glipizida e a glimepirida) e as meglitinidas (por exemplo, a repaglinida e a nateglinida).

Os sensibilizadores da insulina incluem biguanidas (por exemplo, metformina) e tiazolidinedionas (por exemplo, pioglitazona).

Medicamentos que retardam a absorção da glicose pelo intestino incluem inibidores da alfa-glicosidase (por exemplo, acarbose e miglitol).

Medicamentos que aumentam a excreção da glicose na urina incluem inibidores do cotransportador de sódio-glicose tipo 2 (SGLT2) (por exemplo, canagliflozina, dapagliflozina e empagliflozina).

Inibidores da dipeptidil peptidase 4 (DPP 4) (por exemplo, sitagliptina, saxagliptina, linagliptina e alogliptina) tanto estimulam o pâncreas a produzir mais insulina como retardam a absorção da glicose pelo intestino. O mecanismo de ação desses medicamentos consiste em aumentar os níveis de peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1).

Medicamentos hipoglicemiantes orais costumam ser receitados para pessoas com diabetes tipo 2 caso dieta e atividade física não consigam reduzir os valores da glicemia de forma adequada. Os medicamentos são algumas vezes tomados somente uma vez ao dia, pela manhã, embora algumas pessoas precisem de duas ou três doses. É possível que mais de um tipo de medicamento oral e/ou um medicamento oral mais insulina ou um peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) injetável sejam utilizados, caso apenas um medicamento não seja adequado.

TABELA

Medicamentos hipoglicemiantes injetáveis

insulina é o medicamento hipoglicemiante injetável mais comumente utilizado. Seu uso é discutido acima.

Existem dois outros tipos de medicamentos hipoglicemiantes injetáveis:

  • Medicamentos à base de peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1)

  • Medicamentos semelhantes à amilina

Medicamentos hipoglicemiantes injetáveis são administrados em conjunto com outros medicamentos hipoglicemiantes.

O principal mecanismo de ação dos medicamentos à base de peptídeo-1 semelhante ao glucagon (medicamentos GLP-1) consiste em causar o aumento da secreção de insulina pelo pâncreas. Esses medicamentos também retardam a passagem dos alimentos através do estômago (o que retarda o aumento da glicemia), reduzindo o apetite e causando a perda de peso. Os medicamentos à base de GLP-1 são administrados por injeção. Os efeitos colaterais mais comuns são náusea e vômitos. Esses medicamentos podem aumentar o risco de pancreatite (uma inflamação dolorosa do pâncreas), embora as evidências sejam incertas. Eles não devem ser usados por pessoas com antecedentes pessoais ou familiares de câncer medular da tireoide, porque estudos em animais demonstraram um aumento do risco de apresentar alguns tipos de tumores da tireoide. Os dados obtidos por estudos clínicos de grande porte até agora não mostraram um aumento desses tipos de câncer em humanos.

Tirzepatida é um medicamento que atua tanto no receptor do GLP-1 (como é o caso dos medicamentos à base de GLP-1) como também atua em outro receptor denominado polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose (GIP) que também afeta a secreção da insulina e a perda de peso. Esse medicamento também pode ser usado em pessoas com diabetes tipo 2 e obesidade.

Medicamentos semelhantes à amilina simulam a ação da amilina, um hormônio pancreático que ajuda a regular os níveis de glicemia após uma refeição. Pranlintida é atualmente o único medicamento semelhante à amilina disponível. Ela suprime a secreção do hormônio glucagon. Uma vez que o glucagon aumenta a glicemia, a pranlintida, portanto, ajuda a diminuir a glicemia. Também retarda a passagem dos alimentos para fora do estômago e ajuda as pessoas a se sentirem cheias. É dada por injeção e é utilizada em associação com a insulina das refeições em pessoas com diabetes tipo 1 ou 2.

TABELA

Outros medicamentos administrados a pessoas com diabetes

Uma vez que pessoas com diabetes mellitus correm risco de apresentar complicações, tais como ataque cardíaco e acidente vascular cerebral, é importante que as pessoas tomem medicamentos para prevenir ou tratar essas complicações. A menos que exista um motivo que impeça a pessoa de tomar um desses medicamentos (por exemplo, se ela for alérgica ao medicamento), é possível que ela receba:

  • Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) ou bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA): Para pessoas com diabetes e hipertensão arterial ou doença renal crônica

  • Aspirina: Para pessoas com diabetes e fatores de risco para doença cardiovascular

  • Estatinas: Para diminuir o risco de doença cardiovascular em pessoas entre 40 e 75 anos de idade com diabetes